fonte: O Globo
Funcionários técnicos da carreira da ciência e tecnologia do Instituto Nacional do Câncer (Inca) entraram em greve na manhã desta segunda-feira e deixaram o hospital em direção à sede do Ministério da Saúde, na Rua México, no Centro do Rio, onde uma faixa foi interditada ao tráfego de veículos. Eles protestam pelo corte de 40% de seus salários, previsto para setembro. No caminho, os funcionários interditaram parcialmente a Rua Graça Aranha, em frente ao Ministério da Cultura, para oferecer apoio ao grupo que ocupava o prédio.
Segundo a diretora do Núcleo Sindical Raquel Mello, várias cirurgias estão sendo canceladas no instituto, devido à paralisação.
— Não temos condição psicológica para aguentar tudo o que passamos, recebendo quase a metade do nosso salário. Somos quase metade do Inca, e estamos pedindo para essa lei seja revista — explicou ela, que é servidora técnica há 10 anos.
Agora, o grupo está reunido com o chefe da Divisão Geral de Hospitais do Rio, para discutir o corte.
Mais cedo, os manifestantes fizeram um protesto na Rua Visconde de Santa Isabel, em Vila Isabel, próximo ao prédio do instituto, e provocou retenções na região. Também houve protesto de servidores na Praça da Cruz Vermelha e nos trilhos do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), no Centro. Devido à manifestação, a circulação foi interrompida na estações São Bento, Candelária, Sete de Setembro e Carioca na manhã desta segunda-feira.
O grupo decidiu entrar em greve, após assembleia realizada no dia 19, na Cruz Vermelha. A paralisação é contra o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 33/2016, aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. O PL altera a remuneração de servidores e funcionários públicos; dispõe sobre gratificações de qualificação e de desempenho; estabelece regras para incorporação de gratificações às aposentadorias e pensões; entre outras providências. Os servidores são contrários ao controle de presença pelo ponto eletrônico. O PLC 33/2016 aguarda sanção presidencial.
Em nota, o Inca informou que as manifestações feitas na manhã desta segunda-feira “referem-se a uma tentativa de desencadear uma greve, feita por um sindicato sem representatividade significativa entre os funcionários do Instituto”.
Ainda de acordo com o instituto, a manifestação causou algumas retenções de trânsito no entorno das unidades, dificultando o acesso dos pacientes aos hospitais para tratamento. Disse também que não recebeu comunicado oficial do sindicato da categoria informando deliberação de deflagração de greve até o momento.
“Chegou ao conhecimento da direção do Inca apenas um comunicado de indicativo de greve. Cabe ressaltar que não se teve notícia de convocação de assembleia geral, condição necessária para deliberação de greve. Da mesma forma, não foram apresentados termos de negociação para o estabelecimento de percentual mínimo de servidores em atividade, já que se trata de serviço essencial, com necessidades de atendimento inadiáveis”.
Segundo o Inca, na última sexta-feira, a Associação dos Funcionários do Instituto Nacional de Câncer (Afinca) e o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Rio de Janeiro (Sintrasef) se reuniram em assembleia e deliberaram por não apoiar a entrada dos funcionários em greve, mantendo a rotina normal de trabalho.
“Quanto a não inclusão destes servidores na tabela de reajuste da gratificação de qualificação, o Inca já enviou ofício ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, ao Ministério da Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia e à Casa Civil, solicitando que sejam tomadas medidas necessárias a contemplar o reajuste concedido pelo PLC 33/2016 dos servidores dos níveis intermediários desta categoria, e aguarda posicionamento. A direção do Inca tomará as medidas cabíveis a fim de apurar responsabilidades sobre o caso”, diz trecho da nota.